“Você é muito brava”, ele disse enquanto me abraçava e eu tentava respirar fundo. Era tão óbvio o que eu estava sentindo? Ele, que me conhecia há algumas horas, percebia claramente. Mas você jamais saberia, porque o tempo todo eu me esforcei para que meus anseios e angústias não respingassem em você. Talvez foi exatamente aí que eu errei.
Eu sinto raiva. Muita. De tudo, o tempo todo. E sinto porque por muito tempo fui privada de sentir. Ninguém ama uma mulher ressentida. É deselegante. E eu não queria ser deselegante com você, porque eu sabia onde seu calo apertava, eu sabia onde doía, e eu queria te mostrar que as coisas não eram tão voláteis. Contudo, seria uma mentira, não? No fim, eu não pude ser genuína com você, por mais que eu tenha tentado.
O tempo todo eu só queria te fazer se sentir confortável e seguro, mas a verdade é que você não estava. E jamais estaria porque, de fato, eu sou muito brava. E se for pra eu ser abraçada, que seja por quem consegue ver isso em mim e ainda sinta vontade de abraçar.